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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Trigésima Sexta Carta: Execução de um culpado.

"Ontem ouvi sua voz embargada de choro e até sua respiração preocupada. O que ia dizer? O que queria significar em palavras? Conversamos sobre o que era a culpa e de quem era. Eu sei que é minha, não aponte. Penso no que escrever, no que dizer, enquanto o coração dói: piore ou melhore as coisas, a culpa sempre será puxada para o meu lado; e prefiro assim. Só quero saber porque essa culpa me dói tanto o coração. Eu perguntei se você me amava e se estaria comigo hoje. A resposta foi um dessabor entre boa e triste - não entendi muito bem o quis dizer. Sempre fui um ser de fácil apegação à mágoas e azares, e continuo despreparado para respostas ruins. Me sinto realmente culpado. Ela está lá, sozinha, precisando de companhia. E... querida, não venha dizer que você é culpada por ter ido e me deixado aqui. Eu sou o culpado por não ter tentado impedir; embora, em vão fosse. E sei que não resistirei em cair em lágrimas quando te reencontrar e cair laçado em seus braços. E olhar vossos olhos... aí eu estarei completo novamente, nem que seja só naquele momento. Conforto, calmaria, silêncio, lágrimas, inquietude, amor... tudo junto. Perante a solução, bateram o martelo. "Culpado", ouvi. Sorri, pois vi sobre aquela tristeza um anjo trazendo uma possível certeza: "Não se preocupe, culpado. Ela te ama, não te abandonaria". E assim foi, até ser condenado e executado."

Cartas Diretas,
obrigado.

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