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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quadragésima Sexta Carta: Chicote.

"Há coisas que aprendemos, mas a pior das hipóteses é desaprender, nem que seja algo ruim, mas saber de algo ruim já é bom, pois toda aprendizagem soma em sabedoria, e ser absorto em ignorância não é algo louvável. Você nasce, aprende o provável certo, o provável errado, bem como o bom de respirar, se alimentar. Vai crescendo e aprende a andar, a dar carinho, a ser educado, a ser sociável. Você vai vivendo e aprende outras coisas à mais: matar, roubar, ignorar, xingar, humilhar, entristecer, errar. Você vai chegando no final do caminho e o que acontece é desaprender, apenas. E aí você desaprende como se cresce, como se anda, como se é educado, como é ser sociável. Desaprende a pedir desculpas, desaprende a dizer que estava errado. Desaprende até a fazer o que é certo e errado. Você vegeta socialmente. E então tudo o que você aprendeu bate contra o chão e vem contra você, como um chicote: vai, estala - podendo machucar outros -, mas sempre volta machucando à você, desferindo em seu peito quarenta e seis cortes. Você só vai desaprendendo e desaprendendo, absorvendo-se em ignorância, quando poderia simplesmente desaprender a lançar o chicote e parar de se ferir."

Cartas Diretas,
obrigado.

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