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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quinquagésima Carta: Engula esse papel!

"Este lugar estava jogado às moscas, e eu sinceramente não tinha a mínima preocupação e vontade de voltar aqui. E por algum motivo indireto eu quis voltar aqui, só para... ver o que eu poderia fazer, só pra sentir o cheiro embriagante e a overdose da lucidez de cada palavra sem o mínimo escrúpulo. A honestidade pelo visto sempre foi questionada, a amargura sempre esteve presente e a dor... ha... tudo gera dor, incrível. Simplesmente uma conversa com o professor de Língua Portuguesa e então senti vontade de voltar aqui. Talvez ele tenha sido o culpado, de um modo engraçado e não agressivo, o direto-sem-culpa que só é entendido numa piada interna que quem entenderia nem sequer olhará para entender. Mas... enfim... Graças ao professor que voltei aqui, nessa espelunca que chamei de lar de palavras, um palácio de sentimentos que se enterrou numa tempestade atemporal de dor e se decaiu ao estado deplorável de um barraco de hiatos. Mas nem faz um sentido continuar dizendo algo sobre o retorno de uma figura que a 'ida-estadia-vinda-deixa-ficar-suma-daqui-e-volte-depois' não faz a minima diferença - ninguém o aguardava mesmo, então o que diabos pensarão desse papel amassado? Deveria tê-lo engolido, pois não? É, acontece que a figura que se trata com indiferença e uma imparcialidade controlada decaída para um favoritismo agressivo e difamatório precisava, de um modo indireto, estapear a face de alguns enrugados malditos e confessar o golpe fatal de uma flechada no joelho. Muita coisa pode ser dita aqui, uma variedade correlacionada de indignações, tem-se o que criticar, o que tentar mudar com palavras aleatórias para impressionar, e então criticar-se por tabelinha sabendo que faz algo de um modo e pouco se importa em mudar, e assim se comparando aos que merecem a esbofeteada na face, nem ao menos tentar se corrigir. É de fato ridículo: critica, se diferencia, critica, se iguala, critica, disfarça, critica, se diferencia, criti... Eis o ciclo hilário que divide essa alma numa caverna de bipolaridade complementar e de percepção questionável. E a cara ainda aparece mal-lavada carregada de coragem disfarçada para implicar com o mundo e criticar o que parece ser igual e diferente ao mesmo tempo. Mas é de uma implicância imperdoável mesmo... Se bem que... Pode ser que... Então... Deixa... Mas... é melhor engolir esse papel logo de uma vez."

Cartas Diretas, obrigado.

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