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terça-feira, 5 de abril de 2011

Vigésima Terceira Carta: Câmeras.

"Pra que somos vigiados? Por que somos vigiados? Por que existem câmeras em quase todo lugar em que massas de pessoas convivem diariamente? Segundo a Antropologia, a câmera é um material essencial da pedagogia. Mas sabe o que penso das câmeras? Isso: um rebaixamento à nossa capacidade de lidar passivamente em uma sociedade. Quero dizer, quando alguém põe uma câmera numa Agência Bancária o motivo dessa monitoração de espaço é que é esperado que alguém tente assaltar o Banco, logo, será flagrado. Entende? O mesmo é uma escola: os diretores só colocam câmeras nas salas porque 'sabem' que os alunos farão algazarras, descuidos, badernas, etc, logo, serão flagrados. O que não me conformo é aceitar isso. Sei lá. Isso diminui o nosso caráter, e é como se a câmera dissesse pra você: 'Não confio na sua capacidade de ficar quieto, de conviver passivamente em uma sociedade, portanto, vou te monitorar o tempo inteiro'. Difícil, pra mim, aceitar. Mas é como diz o ditado 'Quem se junta com porco, farelo come'. Não sei o que faço: se me isolo das pessoas e das câmeras ou se continuo na minha inércia, já que as pessoas 'certas' são 'gigolôs da monitoração', da observação."

Cartas Diretas, obrigado.

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